O CNPq, agência de fomento à pesquisa ligada ao Ministério da Ciência, lançou o Programa de Repatriação de Talentos-Conhecimento Brasil, cujo objetivo é oferecer benefícios financeiros para repatriar cerca de mil cientistas brasileiros que hoje atuam no exterior. O programa tem orçamento de R$ 1 bilhão em cinco anos e oferecerá bolsas de pós-graduação no valor de R$ 10 mil a R$ 13 mil.
Em meio à greve por melhores salários e condições de trabalho em universidades e institutos federais, o anúncio provocou revolta entre pesquisadores que trabalham no País. O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, defende o programa como parte de um projeto maior do governo federal de reestruturar a área de ciência e tecnologia.
“Não é algo novo, acontece em vários países do mundo. Alemanha, Argentina, Coreia, Japão, China e Índia têm programas parecidos com esse”, diz Galvão. “A Argentina conta com um programa desde os anos 1990, a China a mesma coisa. As bolsas não são para arrumar salário para quem está desempregado, mas sim para a melhoria e o aprimoramento do sistema científico nacional usando as capacidades dos pesquisadores brasileiros que atuam no exterior.”
Para aplicar para as bolsas, os cientistas estabelecidos fora do País devem apresentar seus projetos de pesquisa a universidades ou institutos federais, conforme regras do CNPq. Se aprovados, a bolsa é liberada pela agência de fomento à ciência do governo. Além das bolsas de cinco anos, o pesquisador que quiser voltar ao País receberá ajuda para a aquisição de equipamentos, plano de saúde e auxílio de aposentadoria – benefícios que os cientistas que trabalham no Brasil não têm.
Críticas
Galvão admite que algumas críticas da comunidade científica são justificadas. “Foram cinco ou seis anos de decréscimo de recursos, redução de bolsas. Isso tudo gerou uma grande ansiedade na comunidade”, afirma. “Mas o problema é mais complexo. A maior parte das reclamações diz respeito a questões distintas, não comparáveis.”
No mercado brasileiro, ele observa que são formados 22 mil doutores por ano. Mas a taxa de reposição é de 10 mil. “O que fazer com os outros 12 mil? Não tem emprego. Estamos dando os meios de termos muito mais doutores em mais empresas. O CNPq acredita, ao contrário do que pensam muitos pesquisadores, que há uma demanda”, diz Galvão. “Desde antes do Ciência sem Fronteiras (programa de fomento a cientistas), distribuímos mais de 5 mil bolsas de doutorado no exterior e depois aumentou muito. E todos foram para o exterior e não tiveram oportunidade de retornar, não tinham laboratório, não tinha concurso, as empresas não estavam contratando. Então, há certa urgência de oferecer oportunidades. Esses brasileiros têm uma grande ansiedade de voltar para o País.”
Segundo Galvão, o programa tem uma segunda frente, cuja meta é firmar parcerias internacionais entre pesquisadores que atuam no Brasil e equipes que trabalham em instituições no exterior. Haverá investimento total de R$ 200 milhões para custeio de auxílios e aquisição de equipamentos.
Fonte :https://www.osul.com.br/governo-vai-investir-1-bilhao-de-reais-para-repatriar-mil-cientistas-brasileiros/
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